Saturday, May 24, 2008

HOMENAGEM AO VALOROSO POVO TIMORENSE

Timor ficou sempre muito longe para a maioria dos portugueses e apenas a tragédia por que está passando alertou a consciência nacional. Não vamos abortar este período actual mas descrever com o maior número de detalhes possível. Deu-se primeiro o desembarque australiano e holandês em 17 de Dezembro de 1941 e sua partida, ordenadamente, em Janeiro de 1943. Se para os portugueses foi incómoda essa presença a verdade é que foi muito útil para a causa aliada, pois os australianos conseguiram fixar em Timor, milhares de japoneses que muita falta faziam noutros teatros de operações. Com apenas trezentos homens foi feito militar de elevado valor havendo que levar em conta que, nos primeiros meses de ocupação, os japoneses não podiam sair de Díli sem sofrerem pesadas perdas.
Se não me alongo sobre a acção dos australianos isso apenas é devido a que não se pretende fazer um trabalho demasiado extenso. A grande maioria dos europeus que se encontravam em Timor, principalmente os deportados políticos, se bem que muitos não tenham seguido as recomendações do governador e tenham organizado uma espécie de oposição, a verdade é que quase todos deram belos exemplos de patriotismo, levado por vezes até às últimas consequências e passando as ideologias para segundo plano. A Pátria honrar foi o lema destes homens, abandonados, sem comunicações com Portugal e tendo que aceitar uma dominação estrangeira que tinha como fim liquidá-los de qualquer maneira, até pela fome. E se a ocupação tem demorado mais alguns meses poucos europeus restariam com vida para relatarem o que sofreram estoicamente. A figura do Governador saiu enaltecida deste trabalho como é de toda a justiça; cumpriu até ao fim as directrizes, nem sempre as mais ajustadas ao momento, emanadas de Lisboa. Este um relato, serve de homenagem ao valoroso povo de Timor pelo seu grande amor a Portugal, que continua a manifestar-se das privatizações sofridas.
Relato de: Carlos Vieira da Rocha " Timor " 1989.

MAGNÍFICA, EMBAIXADA

Só em fatos, eram caixotes e caixotes. Figurantes, mais de 300, todos aperaltados ao gosto do Portugal " magnificamente " joanino. O embaixador, Alexandre Metello de Sousa e Meneses, foi a Beijing munido até das mobílias pessoais, carregado de presentes, congratular o filho de Kangxi, Yongzheng, pela subida ao trono. No meio do ocaso jesuíta, abundaram as cortesias, à proporção da falta de resultados. Fechava-se um ciclo e Lisboa, apesar do enganoso fausto, passava à periferia europeia.

PORTUGUÊS, EMBAIXADOR DA CHINA...

Só 200 anos após a chegada do primeiro embaixador português, Tomé Pires, a Beijing, a China faz gesto recíproco, despachando um representante do imperador até à corte de Lisboa. Kangxi, que governou durante seis décadas e já tinha recebido as embaixadas de Manuel de Saldanha e Bento Pereira de Faria, julgou por bem, e mais uma vez ouvidos os jesuitas que o redeavam, despachar um representante pessoal a D. João V. A escolha recaiu sobre ... um portugês, obviamente jesuita, mandarim de Letras.

Saturday, May 17, 2008

ENTRADA DE LEÃO

Foi uma embaixada com credenciais falsas, representou expressamente os interesses de Macau, não privilegiou a diplomacia oficial entre Estados, entre Portugal e a China. Sem a ajuda dos jesuítas instalados na corte, mais uma vez, os resultados teriam sido nulos. Mas a inclusão de leão moçambicano nos tributos que levava ao imperador Kangxi fizeram de Bento Pereira de Faria um triunfador.


A EMBAIXADA DE MANUEL DE SALDANHA

Quatro anos depois de Portugal dar início à reconquista da sua independência em 1644, caía a dinastia Ming. Com Macau a viver tempos difíceis, uma missão chefiada por Manuel de Saldanha vai á capital, falar com o imperador.E consegue frutos. Tinha-se iniciado o tempo das embaixadas. Os manchus, que iriam governar a China até 1911, continuaram a apadrinhar o saber ocidental levado para a corte pelos jesuítas do padroado português. Aqueles homens foram essenciais para a intriga em Beijing, a favor de Lisboa e contra as potências mercantis rivais. Mas o que mais preocupava os padres era salvaguardar Macau como placa giratória dos interesses da Companhia de Jesus no Extremo Oriente.



Thursday, May 15, 2008

A FÉ DO IMPÉRIO...

A aventura da expansão, a fé caminhou a par e passo com a sede de lucros. Na China, o monopólio evangelizador português, garantido pelo papa, seria subestabelecido por Lisboa à Companhia de Jesus, cuja fundação tinha quase coincidido com o início luso em Macau. A sinilização dos padres, mestres na língua de Confúcio, deu frutos. O cartão de visita foi a superioridade tecnológica e científica do Ocidente, que custava a Beijing admitir.


Wednesday, May 14, 2008

NÃO ESTAMOS AQUI EM TERRA NOSSA...

Deng Xiaoping inventou vários conceitos de direito público nacional e internacional para, pragmaticamente, abrir ao mundo uma China pobre e fechada por Mao Zedong. É um pragmatisno típicamente chinês ( se resulta, a fórmula está certa ) que põe em prática, há 20 anos, as zonas económicas especiais, espécie de ilhas capitalistas no mar comunista chinês. A fórmula tem resultado muito bem, com essas zonas a servirem de pólos de desenvolvimento para o resto do vasto território. De uma ambiguidade total, desde o início, quando ao seu estatuto, Macau sobreviveu até hoje como hino ao pragmatismo. Afinal pode até dizer-se que Macau foi, há 450 anos, a primeira experiência de região administrativa especial no Império do Meio.


Tuesday, May 13, 2008

FINALMENTE UM PÉ EM TERRA...

Macao. Finalmente um pé em terra, o suborno, a mentira, a sede do lucro e a iniciativa particular conseguiram, na década de 50 do século XVI, aquilo que expedições militares e diplomáticas da coroa portuguesa não tinham até então consseguido. Assumindo as identidades falsas malaia ou sianesa, dando presentes clandestinos aos mandarins da Guangzhou, os comerciantes portugueses, aliados a piratas e contrabandistas chineses e japoseses, obtiveram aquilo com que D. Manuel sonhara: um estabelecimento na China. O pragmatismo e o interesse mútuo locais engendraram a fórmula Macau, com Lisboa ou Beijing fora do quadro nos primeiros anos. Não admira que o primeiro acordo de comércio luso-chinês fosse oral.


REPRESENTAÇÃO EUROPEIA DE CHINESES 1596...

Como elefante em loja de porcelanas enquanto se tratou de comércio puro e simples, os portugueses consseguiram entender-se bem com os chineses de Guangzhou, um das portas da China do Sul destinados ao comércio tributário. Mas estes estranhos intrusos nos circuitos económicos regionais quiseram mais: ao ritmo das descargas de canhão, procuraram estabelecer fortalezas - feitorias e dialogar de igual para igual com o imperador. O que tinha resultado em África e no Índico não iria dar frutos na Pacífico. Pelo menos com essa táctica.


Sunday, May 11, 2008

A CHEGADA A GUANGZHOU...


Com alguma ironia, os portugueses só conseguiram chegar ao Oriente usando a arte de marear de pilotos árabes ou utilizando invenções chinesas, como o compasso, sem o que seria impossível desenhar os portulanos ( mapas referindo apenas as costas ). Esses conhecimentos chegaram à Europa através do Islão, que cercava o Velho Continente numa cintura apertada, impedindo-o do contacto directo com o Oriente mítico do ouro e das especiarias. Mas o cerco foi quebrado, pelos portugueses, em 1498, com a descoberta da via marítima até à Índia. A conquista de Malaca, em 1511, abre finalmente caminho até ao Grão Cataio, a lendária China de que Marco Polo e outros viajantes europeus da Idade Média tinham falado. Os primeiros contactos luso-chineses são amistosos, porque estritamente comerciais.


MACAU UMA CIDADE ABERTA...


Macau tem sido uma cidade aberta à cultura e às trocas comerciais, desde sempre ligadas ao funcionamento do seu porto, sensivelmente a partir de meados do século XVI. Foi uma brecha ao sistema de bloqueio, quando a China se encontrava numa fase de total encerramento ao exterior. Como resultado, o Ocidente pode, através de Macau, obter melhores conhecimentos das culturas e costumes da China, ao mesmo tempo que algumas ideias inovadoras vindas do Ocidente penetravam, por esta brecha, nesta enorme terra. Um grande número de revolucionários chineses, pioneiros da história moderna, nomeadamente Kang Youwei, Liang Qichao, Zheng Guangying, Sun Yat Sen, que habitualmente passavam por Macau, acabaram por aceitar a influência da nova ideologia. Quando o Governo chinês implementou a política de reforma e de abertura ao exterior, nos finais dos anos setenta, o papel tradicional de Macau veio a intensificar-se ainda mais. Macau, beneficiando do estatuto de cidade internacional e de porto franco, transfere para a China aquilo que lhe é mais necessário, tais como equipamento, tecnologia, informação e o " Know how " empresarial, passando assim a participar no seu processo de modernização. Devido ao rápido processo de desenvolvimento na China, especialmente na região do Delta do Rio das Pérolas, Macau pode continuar a funcionar como uma janela aberta à transmissão da produção científica e tecnológica. Os novos produtos fabricados na China também podem ser escoados para o mercado mundial, através da utilização da rede internacional de Macau, concretamente fazendo uso da ligação especial que tem com Portugal e da sua relação histórica com a Comunidade Económica Europeia, com África e a América do Sul. Macau foi sempre a plataforma do Ocidente para a China e, ao mesmo tempo, a ponte que liga a China ao mundo exterior. Este desempenho de papel tradicional de janela e de função de interligação é o principal ponto forte de Macau, que, no futuro, deverá ser mais fortalecido.


ENCONTRO DE CULTURAS EM MACAU...



                                                   ENCONTRO DE CULTURAS EM MACAU

Desde o momento em que os portugueses primeiro se estabeleceram em Macau que a cidade desenvolveu uma visível dualidade cultural que permanece até aos dias de hoje; esta acomodação cultural está patente na história da cidade, nas suas estruturas administrativas, assim como em características físicas como na arquitectura, jardins e espaços públicos. Este valioso legado cultural é evidente em formas tanto tangíveis como intangíveis, consubstciando-se na mistura de estilos arquitectónicos de muitos dos monumentos, na tolerância religiosa, ou mesmo na fusão de tradições culinárias, reflexo de diferentes influências históricas e geográficas. Acima de tudo, deve realçar-se a extrema riqueza do legado intangível de Macau, entendido não apenas como um produto inerente à própria cidade, mas como um valor que resulta do longo intercâmbio entre a China e o resto do mundo, e, como tal, representa um conceito de significado bastante mais abrangente, assumindo-se como um legado cultural de valor universal excepcional.



MACAU TAIPA COLOANE...


Macau nasce do nome de uma deusa chinesa, muito venerada pelos marinheiros e pescadores, chamada A-Ma ou Ling Ma. Segundo reza a lenda, um barco de pescadores que navegava pelos mares do Sul da China, num calmo dia de céu aberto, foi repentinamente surpreendido por um forte temporal. Com a embarcação á deriva, a esperança dos tripulantes estava quase perdida quando uma bonita jovem, que havia embarcado no último minuto, se levantou e ordenou á tempestade que se acalmasse. Miraculosamente os ventos pararam de soprar e o mar tranquilizou-se.Todas as embarcações naufragaram, á excepção daquele barco de pescadores que chegaria são e salvo ao porto chinês de Hoi Keang. Depois de pisar terra, a jovem mulher dirigiu-se á Colina da Barra e ascenderia aos céus num halo de luz e perfume, para pasmo de todos os que observavam. Séculos mais tarde, quando os descobridores portugueses ali chegaram e perguntaram o nome do lugar, os chineses responderam Á - Má - Gao, a Baía de Á - Má. Palavras que depressa derivaram em Macau.