Wednesday, November 23, 2016

Macau Templo de Lin Fong

Templo de Lin Fong

Composto por três conjuntos de pavilhões, ligados entre si por pátios e corredores estreitos, o Lin Fong ou templo de Lótus, situado junto à colina de Mong-Há, tem uma entrada constituída por um pátio espaçoso que dá, também, acesso ao Museu Lin Zexu. Este é um pequeníssimo museu, construído junto ao templo para comemorar a visita de Lin Zexu, comissário do imperador, a Macau, em 1839, a fim de negociar a proibição do comércio do ópio, e garantir a neutralidade de Portugal no conflito entre a China e a Grã Bretanha,
na chamada guerra do ópio.
O templo de Lótus possui vários átrios, sendo o principal dedicado a Tin Hau ou Deusa dos Céus; ainda no pavilhão central, mas num segundo átrio, encontra-se Kum Iam, a Deusa da Misericórdia. Nos átrios laterais existem vários altares dos deuses Kuan Tai, ou da guerra e das riquezas, I Leng, o deus da medicina, Seng Nong, o deus da agricultura, Kum Fa, a deusa das flores e das crianças, e mais outras tantas divindades.

 A construção do templo está ligada a uma lenda, que remonta ao tempo em que Mong Há era ainda uma pequena povoação de agricultores e de pescadores. Não passava de uma aldeia, na qual existia um tanque onde cresciam flores de lótus, e onde havia um poço, cuja água límpida era reputada pela sua excelente qualidade. Ora, aconteceu que, numa bela manhã, os aldeões foram encontrar o poço totalmente entulhado. Em desespero, julgam ser castigo dos deuses, e por tal razão nem os pescadores se fazem ao mar, pois como haviam sido castigados, nenhum peixe conseguiriam pescar. Sem água potável, também os horticultores ficavam sem possibilidade de regar as suas hortas.

Desesperados e em pânico, resolvem ir falar com um homem chamado Tam Van, a quem os deuses haviam concedido poderes sobrenaturais (há, quase sempre, nestas histórias chinesas, alguém com tais poderes). Este homem, Tam Van, dedicava-se ao estudo da filosofia de Lao Tsé e à meditação, aspirando atingir o nirvana. Perante a situação dramática dos aldeões - que, por razões que não são explicadas, não foram capazes de desentulhar o poço -, Tam Van lá se decidiu a ajudá-los; e, por muitos dias, manteve-se recolhido, em profunda meditação. Por fim, numa noite, escura como o breu, são todos acordados por um enorme estrondo.


Mais uma vez, os aldeões entraram em pânico - «mais uma desgraça caiu sobres as nossas cabeças», pensaram eles – e, receosos de demónios e monstros que lá fora, na noite escura, andassem a fazer tropelias, não se atreveram a sair das suas casas. Só sairam quando o sol nasceu. E então viram, que do poço desobstruído, a água voltara a ser límpida e cristalina. Correram, então, para dar a boa nova ao filósofo Tam Van, mas apenas encontram uma faixa vermelha do seu vestuário. Tam Van partira para o outro mundo ao realizar o milagre. A pequena aldeia tornou-se próspera e o pequeno santuário que nela existia foi reconstruído. Voltando a este curioso templo: dizem que foi mosteiro de bonzos e que era aqui que se instalavam os mandarins chineses quando se deslocavam a Macau. E era aqui, também, que se reuniam com as autoridades portuguesas, tal como aconteceu quando da visita do comissário imperial para a proibição do comércio do ópio.

Tuesday, November 15, 2016

A Santa Casa da Misericordia de Macau



A Santa Casa de Misericordia de Macau foi fundada em  1569, pelo  primeiro bispo de Macau, D. Beschior Carneiro. O edifício que aqui vemos foi construído em meados do século XVlll, adoptando mais tarde uma imagem neoclássica com influências  maneiristas, em 1905.
Esta instituição segue o modelo de uma das organizações de caridade mais proeminentes e antigas de Portugal e foi responsável pela criação em Macau do primeiro hospital de stilo ocidental, de uma leprosaria, de um orfanato e de outras estruturas de caracter assistencial, algumas das quais ainda funcionam  nos nossos dias.

Uma das atribuições particulares da Santa Casa da Misericordia  era a de prestar apoio a orfãos e viuvas dos marinheiros parecidos no mar, função intimamente ligada ao passado de Macau no contexto das principais rotas marítimas regionais e internacionais da época.

Friday, November 11, 2016

MACAU TEMPLO DE NA TCHA – Década de 1940


                                            TEMPLO DE NA TCHA – Década de 1940


Construído em 1888, este templo situa-se próximo das Ruinas de S. Paulo, convidando a uma inevitável comparação com a grandiosidade da antiga Igreja da Madre de Deus e as ruínas do Colégio de S. Paulo. A sua localização é um exemplo das várias tradições religiosas de Macau. Na Tacha é também considerado um deus irreverente e, como tal, a identidade singular de Macau evidencia-se de novo neste local, onde um templo tradicional chinês se encontra próximo das ruínas da principal obra jesuíta da região. O Templo da Na Tacha é formado por uma única divisão simples, medindo 8,4 m de comprimento por 4,51 m de largura. O edifício do templo mede apenas cinco metros de prufundidade e o seu telhado é de duas águas ao estilo tradicional yingshan. Em outros tempos na década 1940 o templo estava rodeado de residências.
O Templo de Na Tcha (Património Mundial)
Calçada de S. Francisco de Xavier
Também dedicado a Na Tcha, o templo foi construído em 1888, junto às ruinas da antiga igreja da Madre de Deus. O edifício é formado por uma única  divisão e por um alpendre que dá acesso ao santuário.  

Festividades: as festividades em sua honra realizam-se no 18º dia do 5º mês lunar. Lendas associadas:Na Tcha, o deus criança traquina.

MACAU BARRACAS E REFUGIADOS - Década de 1960


MACAU BARRACAS E REFUGIADOS -  Década de 1960

No final do século XlX a zona norte da cidade dilatando, com a construção de grandes aterros, deixando de haver então, entre 1905 e 1925, povoações consideradas extra-burgo situadas na então longínqua área das Portas do Cerco. Durante a Guerra do Pacífico (1941-45) Macau terá recebido mais de meio milhão de refugiados do Sudeste Asiático, fazendo aumentar a densidade populacional nos novos aterros no norte da península. Muitos habitantes clandestinos e refugiados construíram nos bairros da Areia Preta, Iao Hon e Toi San barracas de madeira e zinco, tedência que se acentuou ainda mais a partir dos anos  de 1960 com a  populacional na ordem dos 47 por cento em menos de uma década – a zona norte da península era considerada a de maior densidade populacional com várias obras de saneamento e urbanização, as barracas foram sendo pouco a pouco demolidas, abrindo espaço para a construção de grandes torres residênciais de betão armado.

Wednesday, November 09, 2016

PRAIA DO BOM PARTO Anos 1940


.
PRAIA DO BOM PARTO  Anos 1940
A península de Macau encontrava-se orlada de praias, umas dignas do nome, outras minúsculas. Em Mong –Há: Contos de Macau, obra publicada em 1998, o escritor macaense Henrique de Sena Fernandes recorda uma série de praias que cercavam a cidade até há poucas décadas.  “ Passada a Praia Grande, já para os lados da mole da Penha, surgia a Praia do Bom Parto” escreve o autor.
A Praia do Bom Parto, juntamente com a Praia Grande, foi fonte de inspiração de vários poetas. Havia ainda uma fiada de enormes rochedos a separar  Praia Grande da Praia do Bom Parto. Em 1924, o governador de então dinamitou a secção situada perto da antiga Povoação do Chunambeiro, no sopé da Colina da Penha, para abrir um caminho entre as duas baías. Após as explosões, surgiu uma fonte de água das fissuras dos  rochedos. Nesse tempo, o poeta Wang Zhaoyong, que residia nas imediações da Rua de São Lourenço, ia buscar água com frequência a essa fonte. Baptizou-a de “ Fonte das Virtudes “.
Eram vários os poetas que frequentavam estas duas baías. As obras de Xian Yuqing (1895-1965), Captando o Calor do Sol de Inverno no Jardim da Praia Grande e Mirando o Horizonte na Praia do Bom Parto ao Nascer do Sol foram escritas já depois de construída a Avenida da República, que começa junto à Rua do Bom Parto e termina na Rua de São Tiago da Barra. Com este troço, terminado em Dezembro de 1910, dois meses após a implantação da República em Portugal, ficou feita a ligação do Porto Exterior ao Porto Interior.
Debruçados sobre o Bom Parto e a Baía de Bom Pastor, que terá sido construído em 1870 Hotel Bela Vista  como residência da família Remédios.  Passou a ser  um hotel em 1936 e serve hoje de residência ao Cônsul-Geral de Portugal na RAEM.
Neste local foi edificada ainda antes de 1622 a Fortaleza de Nossa Senhora do Bom Parto. Em conjunto com a Fotaleza de São Tiago da Barra formava o eixo de defesa do Porto Interior e com a Fortaleza de São Francisco e a desaparecida Fortaleza da Praia Grande apoiava a defesa da costa sul de Macau.

Ao alto do monte encontra-se  a Capela de Nossa Senhora da Penha  também conhecida como Ermida de Nossa Senhora da  Penha e como Capela de Nossa Senhora do Bom Parto. Foi construída em 1622, ano da invasão holandesa. Antigamente, a capela servia como local de peregrinação a marinheiros católicos que embarcavam em viagens consideradas perigosas. A capela foi completamentereconstruída em 1837, continuando a manter a sua traçada simples. Em 1892, foram feitas obras de ampliação e, em 1935, o Bispo D. José da Costa Nunes completou a reedificação da capela, inaugurando a torre sineira. No adro da capela foi erguida uma estátua em mármore da Nossa Senhora do Bom Parto.

JARDIM CAMÕES Década de 1980



MEMÓRIAS EM MACAU
JARDIM CAMÕES  Década de 1980
Situado na Praça Luís de Camões, junto à Igreja de Santo António, este é um dos jardins mais antigos de Macau. Em chinês foi baptizado de Jardim das Pombas Brancas (Pak Kap Chau). O Jardim Camões foi construído em meados do século XVlll como jardim anexo à mansão que pertencia a um abastado mercador português. Foi arrendado posteriormente à britânica Companhia das Índias Orientais, que  teve sede no palacete.
Em 1885, esta propriedade de cerca de 19 mil metros quadrados foi vendida ao Governo de Macau e transformada num jardim público. Já a mansão albergou ainda o Museu Luís de Camões, servindo desde 1989 como sede da Fundação Oriente em Macau.
Quem passeia pelo jardim pode encontrar pequenos pavilhões, zonas de convívio com bancos de pedra, uma biblioteca, um lago e um parque infantil. Dentro de uma gruta formada por três rochedos existe ainda um busto de bronze de Luíz Vaz de Camões – diz-se que o poeta português terá escrito aqui parte de Os Luzíadas. O busto data de 1866 e é da autoria do pintor e escultor Manuel Maria Bordalo Pinheiro.

A tradicional romagem à Gruta de Camões por ocasião das celebrações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi instuída pelo governador Rodrigo José Rodrigues em 1923.