Templo
de Lin Fong
Composto
por três conjuntos de pavilhões, ligados entre si por pátios e corredores
estreitos, o Lin Fong ou templo de Lótus, situado junto à colina de Mong-Há,
tem uma entrada constituída por um pátio espaçoso que dá, também, acesso ao
Museu Lin Zexu. Este é um pequeníssimo museu, construído junto ao templo para
comemorar a visita de Lin Zexu, comissário do imperador, a Macau, em 1839, a
fim de negociar a proibição do comércio do ópio, e garantir a neutralidade de
Portugal no conflito entre a China e a Grã Bretanha,
na chamada guerra do ópio.
na chamada guerra do ópio.
O
templo de Lótus possui vários átrios, sendo o principal dedicado a Tin Hau ou
Deusa dos Céus; ainda no pavilhão central, mas num segundo átrio, encontra-se
Kum Iam, a Deusa da Misericórdia. Nos átrios laterais existem vários altares
dos deuses Kuan Tai, ou da guerra e das riquezas, I Leng, o deus da medicina,
Seng Nong, o deus da agricultura, Kum Fa, a deusa das flores e das crianças, e
mais outras tantas divindades.
A construção do templo está ligada a uma
lenda, que remonta ao tempo em que Mong Há era ainda uma pequena povoação de
agricultores e de pescadores. Não passava de uma aldeia, na qual existia um
tanque onde cresciam flores de lótus, e onde havia um poço, cuja água límpida
era reputada pela sua excelente qualidade. Ora, aconteceu que, numa bela manhã,
os aldeões foram encontrar o poço totalmente entulhado. Em desespero, julgam
ser castigo dos deuses, e por tal razão nem os pescadores se fazem ao mar, pois
como haviam sido castigados, nenhum peixe conseguiriam pescar. Sem água
potável, também os horticultores ficavam sem possibilidade de regar as suas
hortas.
Desesperados
e em pânico, resolvem ir falar com um homem chamado Tam Van, a quem os deuses
haviam concedido poderes sobrenaturais (há, quase sempre, nestas histórias
chinesas, alguém com tais poderes). Este homem, Tam Van, dedicava-se ao estudo
da filosofia de Lao Tsé e à meditação, aspirando atingir o nirvana. Perante a
situação dramática dos aldeões - que, por razões que não são explicadas, não
foram capazes de desentulhar o poço -, Tam Van lá se decidiu a ajudá-los; e,
por muitos dias, manteve-se recolhido, em profunda meditação. Por fim, numa
noite, escura como o breu, são todos acordados por um enorme estrondo.
Mais
uma vez, os aldeões entraram em pânico - «mais uma desgraça caiu sobres as
nossas cabeças», pensaram eles – e, receosos de demónios e monstros que lá
fora, na noite escura, andassem a fazer tropelias, não se atreveram a sair das
suas casas. Só sairam quando o sol nasceu. E então viram, que do poço
desobstruído, a água voltara a ser límpida e cristalina. Correram, então, para
dar a boa nova ao filósofo Tam Van, mas apenas encontram uma faixa vermelha do
seu vestuário. Tam Van partira para o outro mundo ao realizar o milagre. A
pequena aldeia tornou-se próspera e o pequeno santuário que nela existia foi
reconstruído. Voltando a este curioso templo: dizem que foi mosteiro de bonzos
e que era aqui que se instalavam os mandarins chineses quando se deslocavam a
Macau. E era aqui, também, que se reuniam com as autoridades portuguesas, tal
como aconteceu quando da visita do comissário imperial para a proibição do
comércio do ópio.

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